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Pesquisadores propõe uma nova hipótese sobre as mudanças cognitivas, fisiológicas e neurais que acompanham as transições das sonecas.

Autora: Luciana Pimentel

Compreender as necessidades de sono das crianças é extremamente importante para promover seu pleno desenvolvimento e a função cognitiva ideal, sendo considerado uma prioridade na pesquisa do sono.

A compreensão de até quando as sonecas são necessárias para que as necessidades de sono das crianças sejam atendidas é uma preocupação de pais, educadores e profissionais da primeira infância.

As sonecas são essenciais nos primeiros anos de vida, pois colaboram para o aprendizado e a consolidação da memória.

Quanto menor um bebê é, mais ele precisa dormir, tanto de dia quanto à noite. A duração e a quantidade do sono vão naturalmente diminuindo conforme o bebê se desenvolve.

O recém-nascido tem o sono polifásico, com 3 ou mais sonecas, além do sono noturno. O sono torna-se trifásico por volta dos 9 meses de idade, consistindo em dois cochilos diurnos e uma noite de sono.

Entre 1 e 2 anos de vida, o cochilo matinal desaparece, com a manutenção de uma soneca no meio do dia e o sono torna-se bifásico. A transição para o sono monofásico do tipo adulto (apenas noturno) ocorre por volta dos 5 anos.

Foi publicado em outubro de 2022 o artigo científico muito interessante intitulado “Contribuições da memória e do desenvolvimento cerebral para a biorregulação e transição das sonecas na primeira infância”. Os autores propõe uma nova hipótese sobre as mudanças cognitivas, fisiológicas e neurais que acompanham as transições das sonecas.

Eles defendem a teoria de que a maturação da rede de memória dependente do hipocampo resulta em armazenamento de memória mais eficiente, o que reduz o acúmulo de pressão homeostática do sono no córtex e, consequentemente, contribui para transições de soneca.

Ou seja, crianças que têm cérebros mais maduros precisam cochilar com menos frequência e têm melhor desempenho em avaliações cognitivas.

O estudo chama atenção para a variabilidade significativa no momento da transição do sono trifásico e bifásico (variando de 6 a 18 meses) e ainda mais variabilidade na transição do sono bifásico (que pode acontecer dos 2 anos aos 8 anos de idade).

Nesse sentido, uma das recomendações é a consistência dos horários das sonecas, pois acredita-se que promove padrões de sono estáveis ​​e previsíveis. Pais e cuidadores podem colaborar com atitudes externas que favorecem a sincronização, como disponibilidade de luz, a consistência nos horários e prioridade quanto aos horários dos cochilos.

Os autores finalizam o artigo sugerindo que é essencial adquirir dados longitudinais que capturem a fisiologia do sono, o desenvolvimento estrutural e funcional do cérebro e as mudanças de memória nas transições da soneca.

Sendo que, uma melhor compreensão das transições da soneca permitiria que educadores e cuidadores apoiassem essas transições, fortalecendo assim a saúde e a cognição das crianças. Isso também teria implicações políticas substanciais para a educação infantil, sugerindo que as oportunidades de sonecas não deveriam ser apenas protegidas para algumas crianças, mas ativamente apoiadas.

Referência:

Spencer, RMC; Riggins, T. Contribuições da memória e do desenvolvimento cerebral para a biorregulação dos cochilos e das transições dos cochilos na primeira infância. PNAS, Vol. 119 (44), out/2022. https://doi.org/10.1073/pnas.2123415119

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