O sono da gestante e os impactos na saúde materna e infantil
Autora: Luciana Pimentel
A sociedade atual tem passado por uma condição crônica de débito de sono. A velocidade das informações, as cobranças quanto à produtividade, o uso excessivo das telas, as preocupações que não cessam, são alguns dos fatores que têm levado à privação de sono.
Essa condição parece afetar de forma mais intensa as mulheres em relação aos homens, sendo especialmente preocupante no período gestacional.
Acredita-se que a baixa qualidade e a restrição de sono durante a gestação possam interferir na relação materno-infantil e no comportamento maternal de diversas maneiras, prejudicando-o.
Estudos recentes têm demonstrado que a privação de sono na gestante pode estar relacionada com:
– Estresse
– Distúrbios de humor
– Baixa qualidade de vida materna
– Depressão durante a gravidez e no pós-parto
– Diabetes Mellitus Gestacional
– Síndromes hipertensivas da gravidez
– Percepção da dor no trabalho de parto
– Parto prematuro
Pesquisas científicas já comprovaram que a melatonina da mãe passa prontamente pela placenta e pela barreira hematoencefálica fetal e pode ser o retransmissor predominante das informações da hora do dia para o feto, particularmente durante a transição do entardecer para a noite. Os ritmos fetais também são influenciados pela temperatura corporal central da mãe, pela alimentação e pela liberação de hormônios.
Pesquisas realizadas com ratas grávidas simulando o trabalho de turno (isto é, reversão completa do ciclo claro-escuro a cada 3-4 dias por várias semanas) demonstraram que ratas grávidas expostas ao trabalho simulado em turnos tiveram ganho de peso substancialmente reduzido durante o início da gravidez e redução do peso do fígado e da gordura. A perturbação circadiana gestacional também promove comportamentos de evitação social e hiperatividade em filhotes.
Alguns estudos epidemiológicos relatam riscos aumentados de parto prematuro, baixo peso ao nascer e aborto espontâneo em mulheres grávidas que trabalham em turnos crônicos.
Diante dessas evidências pode-se afirmar que o sono de qualidade contribui para que a gestante tenha sua saúde física e emocional preservada e melhores de condições de se preparar para o parto e a chegada do bebê.
Também colabora para que o bebê se desenvolva de forma saudável, de modo que a formação do programa genético que regula seus hormônios e metabolismo seja otimizado.
Portanto, a cuidado do sono durante a gestação é obrigatório. Todo profissional que trabalha com gestantes deve estar devidamente preparado para abordar esse tema e orientar bons hábitos que conduzem ao sono saudável.
São muitos os cuidados não-medicamentosos que podem ser oferecidos a uma gestante. O principal deles é uma escuta ativa e qualificada para entender o que realmente está acontecendo com ela e perturbando seu sono.
As orientações quanto a higiene do sono devem ser oferecidas já no início da gestação, como por exemplo:
– Deitar preferencialmente no mesmo horário à noite;
– Evitar exercícios físicos uma hora antes de dormir;
– Evitar o uso de bebidas estimulantes quatro horas antes de ir para cama;
– Não usar a cama para outra coisa que não seja dormir ou ter relação sexual (por exemplo: assistir televisão, ler, comer, estudar etc.);
– Dormir em uma cama confortável;
– O quarto deve ser agradável para o sono: livre de ruídos, temperatura agradável, escuro total;
– Evitar atividades que podem deixar a pessoa alerta antes de dormir (por exemplo: conversas acaloradas, fazer contas, fazer palavras cruzadas, estudar etc.).
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