Privação de Sono Infantil e Saúde Familiar
Autora: Agda Pereira Perrot
O padrão do sono muda com a idade e o desenvolvimento do ser humano.
As características e necessidades de sono de um bebê recém-nascido passarão por muitas mudanças até se consolidarem próximo à puberdade.
Nos primeiros meses de vida, o ritmo de sono-vigília do bebê passa por um processo de amadurecimento e, a partir dos 6 meses, já se observa uma redução nos despertares, aumento do tempo de sono noturno e um padrão mais previsível. A partir desta etapa, alguns fatores ambientais passam a interferir na consolidação dos hábitos de sono do bebê, resultando em um sono fragmentado ou dependente de intervenções de seus cuidadores. E é neste cenário que a privação de sono ganha destaque como um tema de saúde familiar.
Em processos terapêuticos, observamos um ciclo onde a insônia infantil impacta fortemente a família e onde pais privados de sono tornam-se incapazes de organizar adequadamente a rotina, os hábitos e atender às necessidades de ajuste emocional de seus filhos. O resultado será pais com maior propensão à depressão, cansaço excessivo, irritabilidade, dificuldade de concentração e ansiedade.
Mesmo considerando a característica evolutiva e natural do sono, é importante ter claro que pais e cuidadores são responsáveis por realizar os ajustes necessários que permitirão garantir o descanso familiar de acordo com cada etapa de desenvolvimento da criança. Armar este quebra-cabeça exigirá uma visão integral de toda a família e, principalmente, um olhar individualizado para cada criança.